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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Os leilões do pré-sal devem terminar


Governo Lula precisa ser coerente com o próprio marco regulatório que propôs

As divergências entre as propostas defendidas pelo Instituto Brasileiro de Petróleo Gás e Biocombustíveis (IBP) e pela Associação dos Engenheiros da Petrobras deram o tom da audiência pública na comissão especial criada para discutir o projeto de criação da Petro-sal que ficará encarregada da gestão dos contratos de partilha na exploração de petróleo da camada pré-sal. A informação é da Agência Brasil.

Enquanto o IBP defende a flexibilização do controle do governo sobre as questões que, segundo o presidente do instituto, João Carlos de Luca, podem chegar ao dia a dia da produção, o presidente da Associação de Engenheiros da Petrobras, Fernando Leite Siqueira, chegou a apresentar a proposta de fim dos leilões. Segundo Siqueira, a Petrobras tem condições e deve explorar sozinha o petróleo do pré-sal como forma de garantir que o “povo brasileiro seja o verdadeiro dono da riqueza”.

“Não há nenhuma razão para se continuar com os leilões. A Petrobras não tem complicação financeira alguma, não tem gargalo tecnológico. Os projetos que o governo enviou ao Congresso Nacional representam um avanço”, disse Siqueira que se posicionou contrário à criação da estatal com o único objetivo de realizar e gerenciar os leilões.

O presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras disse que "os projetos representam avanços na medida em que preveem mudança do contrato de concessão para partilha, que colocam a Petrobras como a única operadora de todos os blocos". Na avaliação de Siqueira outro avanço dos projetos é a criação do fundo social, que "além de ser uma poupança para o futuro ajudará a resolver muitos problemas internos atuais do Brasil". Ele só não considera necessário criar uma estatal para cuidar dos leilões. "Acho que não deveria nem ocorrer esses leilões”, disse.
Siqueira classificou como uma "falácia" a argumentação defendida pelo IBP (uma espécie de braço sindical das big oil mundiais) de que outras empresas exploradoras de petróleo poderiam contribuir para o aperfeiçoamento tecnológico do processo de produção. Ele destacou o “pioneirismo da Petrobras na exploração de petróleo em águas profundas e o desenvolvimento atual de tecnologias para vencer as baixíssimas temperatura nas camadas mais profundas das áreas de explorações. “A vantagem é que a Petrobras tem e é ela que sabe como usar essas tecnologias. Não há gargalo tenológico que a Petrobras não possa vencer e que as outras empresas podem. Isso é falácia”, destacou.

O presidente da associação defendeu uma posição mais nacionalista em relação ao pré-sal e procurou demonstrar a a grandiosidade da descoberta perante a atual situação do comércio mundial de petróleo. “Estamos na eminência de um choque de demanda. Somando as produções de todos os países, nós estamos chegando ao pico dessa produção e depois disso temos uma queda muito forte. Se a demanda mundial ficar estabilizada, significa que, mesmo assim, a luta pelo petróleo vai recrudescer muito. Com a descoberta do pré-sal o Brasil ficou em uma situação muito privilegiada. Abrir mão do controle disso é um erro de estratégia incomensurável”, afirmou Siqueira.

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Informe-se que a ANP (Agência Nacional do Petróleo) tem posições que convergem com o IBP e que coincidem com os interesses das grandes operadoras mundiais de energia, as big oil.

Um inimigo na trincheira.

2 comentários:

Anônimo disse...

O Siqueira quando foi anunciada a proposta do governo, só lamentou que a Petrosal que não tivesse participação do capital privado; esta posição atual é só mais uma contradição.

Nelson Antônio Fazenda disse...

As chamdas agência reguladoras são como raposas a cuidar do galinheiro. Foram implementadas para garantir que os interesses dos grandes grupos privados, sejam nacionais, sejam estrangeiros, se sobreponham à vontade da população como um todo.
Preocupações com preço justo para as tarifas públicas, serviço público de qualidade, etc? apenas "conversa prá boi dormir", como diz o meu pai.

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