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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

terça-feira, 5 de maio de 2009

Conciliação conservadora


No ar o blog Partisan RS:

Pela dinâmica do segundo mandato presidencial não se vislumbra nenhuma mudança na rota conciliadora que Lula imprime ao seu governo. Avanços políticos e sociais não fazem parte da agenda do segundo mandato, e não é plausível acreditar que irão acontecer até o final de 2010. Pelo contrário, o exercício diário da conciliação com velhos caciques e oligarquias, é um sinal claro em sentido contrário.

O resultado político de programas sociais – a exemplo do bolsa-família e o ProUni - foi o enfraquecimento de velhos mecanismos de dominação. Os programas de redistribuição de renda do governo interferiram na antiga relação entre a entrega do recurso público a seu beneficiário intermediada por um político regional. Esses programas tiveram um papel importante para a redução do poder de oligarquias históricas como a da família Sarney e o clã dos ACM, que foram derrotados eleitoralmente em seus respectivos Estados.

Contudo, o sentido conciliador (conservador) do governo vem anulando esses avanços. Ao conceder espaço a personagens políticos como José Sarney, Renan Calheiros e Michel Temer – especialistas em arrendamento de deputados e senadores -, o governo Lula reproduz a velha lógica política do País, reforçando o poder dessas lideranças regionais e seu poder oligárquico.

Ao mesmo tempo, o governo vem cedendo espaço a setores conservadores como o representado pelo o Sr. Gilmar Mendes, legitimando um papel político a personagens sem nenhuma representatividade, além da outorgada pelos meios de comunicação dominantes.

Ou seja, a legitimação popular conferida ao governo Lula, conquistada pelas políticas redistributivas e medidas de incentivo ao crescimento econômico, não foram suficientes para encorajar o governo a enfrentar os velhos donos do poder. Pelo contrário, o caminho escolhido foi o da conciliação, compensando as velhas oligarquias e lideranças regionais com amplo espaço no governo.

Ao final, o governo Lula poderá declarar, como o personagem de Machado de Assis, “... Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis, nada menos”.

O blog Partisan RS pode ser acessado aqui. Recomendamos.

9 comentários:

Ary disse...

Legitimação popular nem sempre se traduz em poder político. Exemplo: Chávez anuncia uma medida forte e coloca um milhão de pessoas na rua. Lula, embora tendo mais apoio do que Chávez, se anunciasse uma medida radical em prol da reforma agrária, o próprio MST não colocaria e nem mobilizaria um décimo desse contingente em apoio ao governo. Apoiar é uma coisa; traduzir esse apoio em poder é outra história.

Juarez Prieb disse...

Tá bom, Ary, agora a responsabilidade é toda do MST. Sem essa, cara. Sai pra lá.

Vc sabe que mobilização popular não é estalar dedo, é um processo longo de construção, de ganhos e perdas, de avanços, recuos táticos, etc. Acontece que o ex-sindicalista nunca quis fazer essa política. Preferiu a conciliação pelo alto, direto com as oligarquias, com os banqueiros e o agronegócio. Agora os petistas vem dizer que não há mobilização popular.... gracinha, faz bilu-bilú Ary.
Essa política obscura que Lula mantém com Gilmar Mendes é uma das coisas mais nojentas e vergonhosas da República. A foto do blog é um retrato desse conluio asqueroso, onde o sr. Tarso foi peão de uma jogada pelo alto com o líder da direita brasileira hoje.
Deixa pelo menos o MST fora disso, meu caro. O PT ou o que resta dele não tem a menor legitimidade pra criticar quem quer que seja no Brasil. Não sei qual a desmoralização maior, se a de Yeda ou a do PT, embora por motivos diferentes.

Anônimo disse...

E essa foto? Mostra, ou melhor, escancara quem manda e quem obedece. Que coisa, sô!

armando

Ary disse...

Juarez: não temos intimidade suficiente para esse tipo de liberdade no tratamento - desrespeitosa. Nunca te tratei assim. Quanto ao MST, não se ofenda por ele - você não entendeu o que escrevi. Paciência. Obs: o espaço geográfico para fazer "bilú-bilú" está na ponta de minha língua mas creio que não seria sonoro.

Juarez Prieb disse...

Ary, é fácil fazer o estilo "bravinho". Mas você insinuou de forma desonesta que o MST tinha parte nessa política de imobilização conciliatória do lulismo.
Negue se for capaz. De qualqeur forma eu retiro o bilú-bilú.

Ary disse...

Olha, Juarez, não estou bravo. Pouquíssimas vezes (acho que nenhuma) alguém disse que eu elaboro intervenções ou omito opiniões de forma desonesta. Você deve ter sido o primeiro. Não insinuei nada. Tenho um relacionamento muito bom com o MST. Apesar de ser um movimento pequeno-burguês, tenho profundo respeito pelo movimento. Ou você descorda que o MST seja um movimento pequeno-burguês.

Prieb disse...

Vc desviou do assunto mais uma vez, Ary.

Não fuja do tema principal proposto pelo post. Não se refugie atrás de aspectos secundários no debate.

Carlos Eduardo da Maia disse...

O MST representa menos de 1% da população brasileira e quer impor uma agenda ao Brasil. Absurdo. O grande defeito do governo Lula foi ter se aliado ao lixo e ao baixo clero da política: os Sarney, o Collor, o Calheiros, o pessoal da Igreja Universal. São esses os verdadeiros donos do poder que o Lula se aliou. O PT deveria ter feito no Brasil o que fez o PS Chileno ao se alinhar com a social democracia progressista ou com a centro esquerda. Prefere fazer aliança com o que há de mais podre da política brasileira, assim como fez, também, o governo tucano de FHC. Todos os dias eu rezo para que o Brasil tenha de verdade um governo progressista de centro esquerda. E acho que nas próximas eleições, quando o Brasil vai conhecer as receitas de Dilma e de Serra vai verificar que os dois falam o mesmo idioma, a mesma lingua e compartilham da mesma ideologia. Por que eles não se casam?

Ary disse...

Agora você me chamou de fujão! legal...Não é fuga. É opção.

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