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sexta-feira, 24 de agosto de 2007

A gênese da disciplina para o trabalho

Em A Ideologia Alemã, Karl Marx comenta os efeitos do progresso social, representado pela manufatura, e as repercussões disso no mundo da vida.

Com a manufatura, o comércio expande-se e o feudalismo tem dificuldades em reproduzir-se, e as cidades adquirem novas dimensões para receber o capital mercantil e manufatureiro.

Estamos no fim do século 15 e início do século 16, e Marx relata que "o início da manufatura foi acompanhado de um período de vagabundagem ocasionada pela dissolução das comitivas feudais, o licenciamento dos exércitos de aventureiros que haviam auxiliado os reis contra os vassalos, pela melhoria da agricultura e pela transformação em pastagens das grandes extensões de terras aráveis. [...] Tais vagabundos eram tão numerosos que, por exemplo, Henrique 8º da Inglaterra mandou enforcar 72 mil; e foi com as maiores dificuldades, forçados pela miséria extrema que, após longa resistência, esses párias se sujeitaram ao trabalho. A rápida evolução das manufaturas, principalmente na Inglaterra, absorveu-os progressivamente" – completa Marx.

Foto: Trabalho infantil intensivo como forma de acumulação primitiva nos Estados Unidos (veja mais aqui no acervo da Biblioteca do Congresso, USA). O trabalho infantil teve três funções no início do capitalismo: promover a acumulação primitiva, extrair mais-valia sem direitos, e disciplinar didaticamente para o trabalho, na vida social, frente ao Estado, às autoridades e às leis burguesas.

4 comentários:

Anônimo disse...

Mutatis mutandis, é o que temos aqui na maior metrópole da A. Latina. Exploração de bolivianos na cidade de SP. Escravidão de mulheres e crianças no corte de cana no interior. Não repetem Henrique 8º porque chamaria atenção demais sobre o crime de exploração.

Anônimo disse...

muito bom, companheiro, em poucas palavras, a síntese do que é a exploração capitalista.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Como se o capitalismo gerasse apenas -- e tão somente -- exploração. Como diz o professor Boaventura, no FSM 1, é defasada, anacrônica a discussão de explorados e exploradores, o que está em debate e em pauta é a inclusão social dos excluídos.
A propósito, existe algum outro sistema para ser colocado em seu lugar ? Qual? Onde deu certo? Como fazer isso ?

Anônimo disse...

O fato de um professor dizer que não existe isso ou aquilo, não elimina a realidade.

Outro dia, um papa do neoliberalismo disse que a história havia acabado. Isso não eliminou a história.

Quem é explorado, não precisa de muita teorização para entender seu significado. Coloque o pé no chão e deixe de preciosismos acadêmicos tão valorizados por uma direita de grife.

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