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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

sábado, 4 de agosto de 2007

De Michael Moore a Marco Maia

A tragédia com o avião Airbus A320 da TAM foi no dia 17 de julho último. Já se passaram 18 dias e o fabricante da aeronave se pronunciou apenas através de um mísero telegrama-comunicado. Esse telegrama não dá satisfações a ninguém em especial do Brasil, nem às autoridades, nem aos familiares das 199 vítimas do artefato projetado e fabricado pela Airbus. O comunicado é uma praxe internacional de alerta aos demais usuários daquele produto aviônico.

Rigorosamente, pois, não há pronunciamento cabível, exclusivo e pontual da corporação Airbus sobre o gravíssimo acidente de Congonhas.

Ontem o Jornal Nacional da tevê Globo entrevistou um piloto experiente, em Paris, através da correspondente global lá estacionada (desculpem, mas eu não guardo o nome dessa gente, trata-se de uma senhora com cara de aquarela aguada). O sujeito foi muito prestativo, mas não disse nada de relevante.

A aquarela aguada bem que poderia ter ido à Toulouse sede administrativa da Airbus S.A.S. (EADS Systems) e entrevistado alguém de responsabilidade na corporação – o maior fabricante de aviões de passageiros do mundo.

Se nota que há um interdito tácito no caso da Airbus. Eles não se manifestam, e a mídia brasuca (covardemente) não os incomoda.

A Airbus está fechada em copas. A Airbus deve explicações às autoridades e à Justiça brasileiras.
Isso me lembra um caso famoso acontecido com o escritor e documentarista Michael Moore, anos atrás. Ficou-se sabendo da sua existência através deste fato, bem anterior aos seus corajosos e aguerridos documentários que fazem sucesso no mundo todo.

Michael Moore (foto) precisava entrevistar alguém de uma grande corporação norte-americana. Não lembro se era da GM ou de algum grande laboratório de fármacos. A diretoria da tal corporação se fechou em copas, não o recebia e não dava nenhuma explicação ao gordo serelepe. MM muniu-se então de seus apetrechos de trabalho e fez um pequeno comício na calçada do prédio-sede da tal empresa. Lançava alto e bom tom todas as questões e dúvidas que faziam parte de suas suspeitas sobre o objeto de sua pretendida entrevista. No outro dia, a diretoria corporativa mandou-o entrar e atendeu-o de forma civilizada.

Estava pensando. O deputado Marco Maia (PT-RS) bem que podia dar uma de Michael Moore. Ele não foi à Washington dias atrás para verificar se os peritos norte-americanos estavam trabalhando corretamente na abertura e degravação das caixas-pretas? Pagou esse mico horroroso para o Brasil inteiro!

Como forma de resgatar a sua imagem abalada, o bravo de Canoas bem que poderia ir à Toulouse, no belo Sul da França, e tentar uma audiência com os executivos da EADS Systems. Se eles não o recebessem, o bravo parlamentar faria uma algazarra homérica na calçada do prédio, com devidos registros de áudio e imagem. Aposto que seria um documento memorável, e que lhe poderia asfaltar o caminho para o mundo do cinema e de ser um autêntico pop-star (algo que ele certamente sonha todos os dias).

Mas será que o MM canoense tem o mesmo talento do MM norte-americano? Eis a questão!

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